segunda-feira, 4 de junho de 2012

Desabafo para as 2 ou 3 pessoas que lêem o meu blogue

Fiz recentemente uma formação promovida pela empresa em que trabalho sobre liderança.
Fiquei agradavelmente surpreendida com a formação pois esta foi direccionada para a liderança de nós próprios e não dos outros. A essência da formação era a de que nós mudamos o mundo ao mudarmo-nos a nós próprios.
Num dos grupos de discussão em que debatíamos sobre os nossos objectivos para a vida,os meus dois colegas olharam para mim quando acabei de falar e disseram:
-Ana, que diferente! (ler com sotaque espanhol)
Aí caiu-me a ficha e senti-me muito mal. Todo o trabalho de aceitação de mim mesma que tenho feito ao longo do tempo revelou-se insuficiente perante o olhar incrédulo dos meus colegas espanhóis.
E não é por serem espanhóis que olharam para mim espantados com o que ouviram.
Sistematicamente tenho o problema de ser diferente do resto da humanidade e de não partilhar dos objectivos que a sociedade em geral tem. Custou-me muito a aceitar que sou uma pessoa diferente com ideias diferentes e pensava que já tinha ultrapassado isso.
Mas naquele dia percebi que não.
Qual o preço a pagar pela diferença?
A dificuldade de adaptação e convivência em sociedade, o ter os amigos constantemente a brincar com os meus hábitos alimentares é algo a que já estou habituada e convivo bem.
Mas será que esta forma de ser e de estar não me levará à solidão? Quem quer ter a seu lado uma ambientalista, praticante de tai chi e reiki que quer mudar o mundo e adoptar uma criança de outra raça ou doente?
Ainda que faça algumas concessões quando estou em sociedade, vou sempre preferir seguir os meus ideais e ter menos amigos e nenhum namorado do que rodear-me de pessoas vazias.
Mas claro que me questiono muitas vezes se valerá a pena? Não seria mais fácil seguir o "rebanho"?

8 comentários:

Quotidianos de seda disse...

Ora bem...vamos por partes:

1- Calma, muita calma

2- TODOS nós nos questionamos sobre quem somos e se agimos da melhor forma ou não, ou se os caminhos e decisões que tomamos serão os correctos (tanto para nós como no geral)

3- TODOS nós somos de facto diferentes, mas o que acontece é que existe um padrão mais ou menos comum de vivência e atitude sociais que aos mais "excentricos" (no bom sentido) os faz sentir um bocado isolados (integro-me perfeitamente nesta descrição)

4- CONCLUSÃO: minha cara amiga...não se culpe, não se preocupe, não se questione em demasia (mas sempre o necessário e intrinseco ao Ser Humano) pois age muitissimo bem. Quando agimos segundo a nossa essência e queremos o melhor para o Mundo em geral...não podemos estar a agir mal. Tem convicções e defende-as, pratica acções em consonância com essas convicções...logo...durma descansada. As pessoas verdadeiras e honestas terão sempre amigos. Não precisam ser muitos...precisam ser BONS.

Beijo e bem Haja

De uma "criatura" que muitas vezes também parece um "ET" no meio do rebanho, eheh.

Elos de Cidadania disse...

Difundir a educação ambiental e auxiliar na elaboração da Agenda 21 Escolar, esse é o objetivo do Elos de Cidadania, programa que visa despertar discussões sobre o desenvolvimento sustentável e o exercício da cidadania. No curso, alunos e professores de escolas da rede pública têm a oportunidade de analisar os desafios e potencialidades do espaço escolar, planejando e executando intervenções de curto, médio e longo prazo.

O Elos de Cidadania é uma realização da Superintendência de Educação Ambiental da Secretaria de Estado do Ambiente (Seam/Sea), em parceria com a Uerj.

Mais informações, acesse a nossa página no facebook:
www.facebook.com/elosdecidadania

Ana disse...

Obrigada pelas palavras de ânimo!
Fico contente em saber que não estou sozinha :)
Eu sei que não deveria questionar-me sobre as minha opções pois são aquelas que acho correctas,mas quando se rema contra a corrente de vez em quando é inevitável questionar sobre se não deveria simplesmente "go with the flow".
Mas efectivamente se a vida fosse fácil não teria qualquer piada.

Beijinhos e obrigada

Anónimo disse...

Olá, Ana!
Gostei MUITO que partilhasses esta tua vivência e reflexão.
Subscrevo o comentário da "Quotidianos de seda..."
Também "vou por partes":
E a primeira é:
Uma das qualidades que mais aprecio em ti - e no que publicas - pode ser expressa assim: - Ana, que diferente! (ler com sotaque nortenho)
Bem... o teu texto é tão rico e profundo (e a atitude de o partilhares)que teri que voltar a ele quando puder.
Medita no poema de Sebastião da Gama "Pelo Sonho é que vamos"
Bem Hajas!
Abraço,
ZT

Ana disse...

Olá Zé!
Obrigada por aceitares a diferença :)
Beijinhos e bom fim-de-semana

Anónimo disse...

desculpem este comentário mas "Vocês" são os primeiros a excluírem-se!! já aqui li "(tanto para nós como no geral)" , "rebanho"!!
fala-se aqui como de uma espécie distinta e em vias de extinção!!! todos devemos ter direito as nossas escolhas e respeitar as dos outros!! mas e se eu escolher pertencer ao rebanho já sou vazio!? eu posso sentir-me bem com uma vida de rebanho!!e sentir-me pleno de satisfação(ou quase)! as minhas prioridades são outras, sem duvida, mas não deixam de ser importantes!! são as minhas prioridades! desde que não prejudique ninguém acho que sou livre de fazer as minhas escolhas sem ser etiquetado de ovelha!!
toda a gente aceita ambientalistas e praticantes de reiki e tai chi, bem como, quem queira adotar crianças de outras raças e/ou doentes…mas atenção aos extremistas…sejam equilibrados e aceitem as pessoas que vivem em rebanho!!pois será uma maneira de serem mais aceites no rebanho dos vazios, ajudando assim a equilibrar este nosso planeta!
Não sei se me fiz entender e, não tive intenção de ofender ninguém e desde já peço desculpa se o fiz!
Obrigado e continuem a luta…eu(o vazio) agradeço!!!
abraços

Nuno disse...

Depois de alguma reflexão penso que a melhor forma de ver o mundo será ver que não há mesmo nenhum problema com o mundo. Tudo evolui naturalmente.
Eu não me considero do rebanho mas sei que no fundo também faço parte dele. Quando vejo igualmente que o mundo está cheio de problemas, de acções e comportamentos sem sentido, de decisões que contradizem o suposto racionalismo que define a superioridade humana sobre o resto das formas vivas, esse é o sinal de que ainda estou ao seu nível.
Isto não significa que não se faça nada, que fiquemos apáticos perante as situações que se nos apresentam. Mas o que fizermos tem de ser ao mesmo tempo uma oportunidade para nos analisarmos melhor e evoluir com isso e também uma forma de servirmos de exemplo para os outros. E isso não significa estarmos num constante estado de felicidade porque a felicidade imobiliza. Quando se está imensamente feliz o maior desejo de uma pessoa é que fique assim para sempre. Assim a evolução vem do sofrimento e de procurarmos a razão desse sofrimento. E se essa razão não for descoberta e integrada mesmo que mudemos tudo à nossa volta, a situação voltará a repetir-se.
Por isso não há problema com as ovelhas em si. Elas escolheram permanecer naquele estado sem perceber as suas consequências porque o seu cálculo de vida é simples: "enquanto eu estiver bem e não me sentir afectado pelas consequências dos meus actos não há problema, procurarei sempre bloquear qualquer informação que me pareça desfavorável à minha maneira de pensar e lutarei incessantemente pela felicidade imediata que me mantenha imóvel o máximo de tempo possível".
No entanto as consequências ainda são mais graves para quem tem este tipo de atitude porque quando chegarem ao fim das suas vidas vão prostrar-se perante a dor imensurável de ter gasto inutilmente essa oportunidade que lhes foi dada.
É claro que eu não tenho a verdade absoluta, nem quero ter, esta é só uma opinião apresentada do meu próprio ponto de vista. Contudo algo que posso dizer é que é possível que a humanidade desapareça perante este contínuo desenrolar de acções egoístas, mas realmente isso tampouco é um problema. O Universo continuará a existir, a criar planetas, estrelas, galáxias, clusters, buracos negros e vida e nós só teremos perdido a oportunidade de assistir a tudo isto e de conhecer mais e explorar mais do que existe e não existe.
A solução para tudo isto é velha. É a união entre as pessoas, o tal amor entre as pessoas. Mas não o amor ridículo ao qual os humanos estão habituados: aquele em que tudo é bom enquanto for bom para mim e me der prazer e eu conseguir alcançar certos objectivos que eu tinha e que me dão um estatuto artificial de vitória perante os outros. Sim, o amor romântico resume-se a isto. O amor romântico tem pouco de amor e tem mais a ver com pressões sociais e da necessidade natural de procriar.
O amor de que falo é o incondicional e esse está a um nível acima. Não é "deste mundo" por assim dizer mas podemos aspirar a ele. Mas é claro que isso implica muito esforço, muita dor e sofrimento, ao qual ninguém se quer sujeitar.
E com todo este testamento espero ter apresentado claramente a minha opinião.
Beijinhos :)

Ana disse...

Beijinhos Nuno!obrigada pelo teu contributo :)